28 setembro 2006

Correio Sentimental - 2 (parceria com a minha filha Mónica)

(foto do Ricardo)

Há muito que eu e a Mónica falamos de um projecto sempre adiado, a escrita em conjunto.
Aqui fica hoje a minha surpresa para ela, a partir de um post do Blog dela (ao qual não fiz qualquer alteração).
Espero que gostes, Mónica :)*
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"Correio Sentimental
Sagres, 18 de Abril de 2004
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A Sofia, é mais uma das tantas rapariga q escreve cartas para correio sentimental aqi da revista. Na verdade nem sei se, se chama mesmo 'Sofia', mas a verdade é q todas as semanas manda uma carta e ela desperta a nossa atenção pq tal como ela diz 'CORREIO SENTIMENTAL' é para falar dos nossos/deles sentimentos e ela/nós nao precebemos pq é q a pessoas só falam sobres namorados e namoradas...e entao as primeiras cartas dela começaram com uma enorme indignaçao se todos os sentimentos das pessoas giravam em torno dos seus namoros, ou se a vida delas seria tão perfeita q os outros sentimentos nao causavam problemas :$e depois de nos expor essas questões começou finalmente por falar nos seus problemas e aí precebemos o porquê da tal indignação:'Olá, ao contrário de toda a essa gente q escreve para o vosso excelente correi sentimental eu tenho um namoro espectacular, o melhor namorado do mundo e sobre isso nao tenho nda para vos escrever. O meu verdadeiro problema sentimentel é em casa... no meu ambiente familiar, vivo com a minha avó, que está todo o santo dia a caminho do hospital por isto, por aquilo há sempre qualquer coisa e sentir a 'morte, a bater à porta' cá por casa começa a ser um hábito; a minha irmã raramente está em casa ela vive em Lisboa, mas quando vem, trás uma alegria de qem nao passa por isto (q eu e a vó passamos) contagiante e isso é optimo.Nao, ao contrário do q passam estar a pensar nao temos problemas financeiros, nenhuns mesmo, aliás dinheiro e amor acho q são mesmo das coisas q nao me posso queixar!Mas acordar, acordar e sentir q pode ser este o último dia ao lado dela faz-me mal, deixa-me num tormento insustentavél, para todos vocês cada vez q ligam para casa e ninguém atendo teem o simples pensamento de 'nao está ninguem em casa' ou 'sairam'... mas para mim, nao atender o telefone faz-me atravessar, a cidade, o pais, o mundo (se fosse preciso) só para me certificar q era mesmo isso, pq as probabilidades de ter sido ela a 'abrir a porta à morte' são exactamente as mesmas...Qero apenas mostrar a toda a gente, q o dinheiro não é TUDO na vida!
um beijinho,
excusado será agradecer :)
e descansem, esta é a última carta da Sofia'
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Sagres, 21 de Abril 2004
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Hoje, posso contar apenas três dias desde que aqui falei sobre a 'Sofia' e hoje mesmo recebemos mais uma carta dela (afinal parece q a outra nao era a última), mas pareceu-me bem ela ter-nos mandádo esta, foi uma espécie de descargo de consiencia:
'Bem na verdade tinha prometido q aqela seria a minha última carta, mas não. (esta nao é para publicarem é apenas para vocês, vocês q duma forma mais indirecta me aturam à quase um mês. Aquilo q tenho para vos contar nesta carta, é mesmo o mais desagradavél e triste de todas as q já vos escrevi... na verdade o meu nome nao é Sofia e nada daqela situação é real, apenas o facto de ter dinheiro e de isso nao me trazer felicidade nenhuma e como nao gosto de falar da minha vida descobri esta maneira de mostrar a todos os leitores q o dinheiro nao é tudo na vida.
desculpem e obrigado,
como admiração, sempre
'Sofia' *"

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Lisboa, Maio de 2004
O importante não é se te chamas Sofia, ou qualquer outro nome, a tua idade, ou se és do sexo feminino ou masculino, o importante é que és uma pessoa que sentiu ter algo para partilhar com os outros, que se pode falar dos sentimentos, mesmo daqueles que pareçam disparatados e despropositados.
Por isso, esperamos que continues a escrever para todos aqueles que te lêem, e se identificam com cada palavra tua, com os teus sentimentos de solidão e de angústia na procura da felicidade. A felicidade não é um estado constante, são momentos que se vivem e se guardam no cantinho do sol que existe dentro de nós, fazendo-nos sorrir com o calor que nos embala.
Realmente chamar a esta rubrica de “Correio Sentimental” é manter uma ideia feita de que este espaço é para as lamentações e aberrações das relações amorosas, que sempre se duvida da veracidade, mas simultaneamente se deseja acreditar para que de seguida se sinta ter uma vida melhor que a dos outros.
As suas cartas fizeram-nos reflectir sobre este correio e os sentimentos, porque afinal as pessoas não escrevem sobre o que sentem, escrevem-nos sobre as suas vivências reais, ou imaginárias, o que as faz sentir desgraçadas, inseguras ou aberrações junto dos outros que as rodeiam.
O que tu nos dás na tua partilha é, a perca, os medos, a procura da felicidade, o gosto por momentos de alegria, os reencontros, o desejo de um sentido para a vida… O que tu nos dás é a vida com os raios de sol e os pingos da chuva. Por ti, e por todos nós não escrevas a última carta!

2 comentários:

Mónica disse...

Obrigado pela surpresa :)
AMO-TE *

BARCO ALADO disse...

Muito lindo!
"Sofia" parabéns. Grande acção-reacção.
Muito bom!