05 fevereiro 2006

... Há dias assim...


Há dias assim... em que as palavras nunca são as certas, os sentimentos nos sufocam, e embalam-nos um olhar e um toque insubstituiveis...
Há dias assim... meu AMOR
*****************************

"Não penses no que de mau ontem te aconteceu
Não penses no que de mau poderá acontecer amanhã
Pensa o que ontem te trouxe de bom
No que de bom hoje te trouxe
E o melhor que o amanhã te trará"
Autor desconhecido
*****************************
Sereno, imóvel, transmite o brilho dos olhos que riem... do fundo do sofrimento. (2001)
*****************************
Uma Folha
Uma caneta a tocar o papel, hesitante e pouco firme. A mão, a tremer, pousa a caneta na mesa de madeira e segura o papel por uns instantes... fecha os dedos e, violentamente amarrota o pedaço de papel.
Novamente segura a caneta, mão trémula a escrever numa folha branca, reluzente, aguardando manchas de tinta preta. Inseguras, surgem letras desenhadas, procurando formar palavras... mas as mãos seguram a folha e rasgam-na violentamente. Com menos firmeza a caneta toca numa outra folha branca e preenche-a com letras trémulas... para de seguida pegar fogo e reduzi-la a cinzas.
Após algumas horas, a caneta é fechada com mãos trémulas e guardada num bolso, enquanto o cinzeiro transborda de restos de folhas violentamente destruídas... palavras destruídas.
Levantou-se, afastou a cadeira, e desapareceu calma e serenamente.
Na mesa, numa folha, viam-se as palavras:
amo-te. Até logo, quando nos reencontramos.

26 Abril 2002 01.30h

04 fevereiro 2006

...Palavras que embalam...


"Era tudo quando ela me dizia,
“Benvindo a casa”, numa voz bem calma
Acabado de entrar, pensava como reconfortava a alma
nunca tão poucas palavras tiveram tanto significado
e de repente era assim, do nada, um ser iluminado -
e tudo fazia sentido, respirar fazia sentido,
andar fazia sentido, todo o pequeno pormenor em pensamento perdido
era isto que realmente importava, não qualquer outro tipo de gratificação

Não o quanto se ganha,
não o bem que dizem de nós não
um novo carro, não uma boa poupança,
nem sequer a família, ou a tal aliança - nada…

Apenas duas palavras, um artigo,
formavam a resposta universal

A minha pedra filosofal
Seguia para dentro do nosso pequeno universo
Um pouco disperso - pronto a ser submerso
Naquele mar de temperatura amena que a minha pequena
abria para mim sempre tranquila e serena, ena…
Tento ter a força para levar o que é meu
Sei que às vezes vai também um pouco de nós
Devo concordar que às vezes falta-nos a razão
Mas nego que há razões para nos sentirmos tão sós
Vem fazer de conta eu acredito em ti

Estar contigo é estar com o que julgas melhor
Nunca vamos ter o amor a rir para nós
Quando queremos nós ter um sorriso maior
Tento ter a força para levar o que é meu
Sei que às vezes vai também um pouco de nós
Devo concordar que às vezes falta-nos a razão

Mas nego que há razões para nos sentirmos tão sós
Vem fazer de conta eu acredito em ti
Estar contigo é estar com o que julgas melhor
Nunca vamos ter o amor a rir para nós
Quando queremos nós ter um sorriso maior
Bem-vindo a casa dizia quando saia de dentro dela
O bonito paradoxo inventado por uma dama bela
Em dias que o tempo parou, gravou dançou,
não tou capaz de ir atrás, mas vou
porque sou trapalhão, perdi a chave e já nem sei bem o caminho
nestes dias difusos em que ando sozinho e definho
à procura de uma casa nova do caixão até a cova
o percurso é duro em toda a linha, sempre à prova
o calor é um alimento que eu preciso
o amor é apenas um constante aviso
se sabes que eu não vivo dessa forma
tu sabes que eu não sinto dessa forma

Por isso escrevo na esperança que ela ouça o meu pedido
de desculpas
de Socorro de abrigo
não consigo ver uma razão para continuar a viver sem a felicidade do meu lar
da minha casa, doce casa, já ouviram falar?

É o refúgio de uma mulher que deus ousou criar
Com o simples e unico propósito de me abrigar
Não vejo a hora de voltar lá para dentro, faz frio cá fora
Faz tanto frio cá fora que eu já não vejo a hora…"


Casa (vem fazer de conta) - Da Weasel

02 fevereiro 2006

...Música que embala...


"Só por existir
Só por duvidar
Tenho duas almas em guerra
E sei que nenhuma vai ganhar

Só por ter dois sois
Só por hesitar
Fiz a cama na encruzilhada
Chamei casa a esse lugar

E anda sempre alguém por lá
Junto à tempestade
Onde os pés não tem chão
E as mãos perdem a razão

Só por enfrentar
Só por destruir
Tenho as chaves do céu e do inferno
Deixo o tempo decidir

E anda sempre alguém por lá
Junto à tempestade
Onde os pés não tem chão
E as mãos perdem a razão

Só por existir
Só por duvidar
Tenho duas almas em guerra
E sei que nenhuma vai ganhar
E sei que nenhuma vai ganhar"



Só - Jorge Palma

01 fevereiro 2006

Um Monitor


Alberto estava sentado frente ao monitor há horas, sem que um só movimento acontecesse no seu corpo. O som que se ouvia repetia-se infinitamente, sem que se notasse um sinal de cansaço na voz da cantora, ou quem a ouvia.
Da rua, vinha o barulho da chuva e o que parecia o som de dois veículos que embateram violentamente, seguido de gritos de diferentes pessoas.
Alberto continuava imóvel, como se de nada se apercebesse, e o mundo à sua volta não existisse. Nem o som da trovoada que de repente surgira, ou a falta de electricidade que entretanto acontecera, provocaram a mínima reacção.
Horas se passaram e Alberto permanecia recostado na sua cadeira frente ao monitor... até que se ouve o som da chave na fechadura e a porta a bater. Alguém se aproxima e diz:
- Então, estás vivo?
Repara numa folha saída da impressora, e lê:
Chova ou faça Sol
Os dias e noites
sinto-os sempre cinzentos
ou negros
Estou cansado
de estar sentado à espera
sem que alguém
se importe
se estou vivo
Alberto escolhera um dia igual a qualquer outro para se sentar frente ao monitor e, simplesmente, escolher morrer.


25 Outubro 2001 22.50h