26 fevereiro 2007

Antidepressivos (mirtazapina)



"A Mirtazapina (comercializado sob o nome Remeron® - ou Zispin®, Avanza®, Norset®, Remergil®) é um antidepressivo tetracíclico que difere dos seu grupo por aumentar a quantidade de serotonina e noradrenalina entre os neurônios. Possui eficácia semelhante aos antidepressivos: amitriptilina, clomipramina e a trazodona (o que pode ser considerado um resultado excelente).
Apesar de ser tricíclico, este antidepressivo costuma causar menos efeitos colaterais do que outros de sua classe. Normalmente é tomado à noite pois tambem funciona como um indutor do sono."




" MIRTAZAPINA (REMERON)


A Mirtazapina é um antidepressivo tetracíclico derivado da piridolbenzazepina, similar à maprotilina, que como todos esses fármacos bloqueia a captação neuronal de aminas e conseqüentemente induz um aumento e maior biodisponibilidade de noradrenalina (NA) ou de serotonina (5HT) em nível sináptico.
Também foram postulados numerosos mecanismos para explicar a dissociação entre o bloqueio de recaptação de neuraminas, que é rápido e detectável em poucas horas, e o surgimento tardio (14 a 21 dias) do efeito antidepressivo clínico como a diminuição da troca do neurotransmissor, a diminuição da descarga neuronal, alterações nos receptores serotoninérgicos, regulação por rebaixamento dos adreno-receptores.
Sua absorção digestiva é rápida e completa após sua administração oral, difunde-se no plasma e liga-se com elevada afinidade às proteínas séricas (90%). Apresenta uma longa meia-vida plasmática (20-40 horas). Sua eliminação realiza-se principalmente através do rim. Seu efeito neurodepressor é acentuado, como ocorre com outros fármacos afins (maprotilina, amoxapina), enquanto a atividade anticolinérgica é fraca.


Informações ao paciente
A Mirtazapina só deve ser usado durante a gravidez exclusivamente sob orientação médica. Não é recomendado o uso deste medicamento durante o período de amamentação. Caso ocorra gravidez durante o tratamento, avise imediatamente o seu médico. A melhora dos sintomas é observada progressivamente com o decorrer do tratamento.
Os comprimidos de Mirtazapina deverão ser ingeridos com auxílio de algum líquido e não devem ser mastigados. Mirtazapina é, geralmente, bem tolerado, porém, se ocorrer alguma reação desagradável durante o tratamento, informe o seu médico. Não tome bebida alcoólica durante o tratamento.
Não usar outros medicamentos durante o tratamento sem consultar o seu médico. Pacientes em tratamento com antidepressivos devem evitar atividades que necessitem maior atenção e concentração, tais como dirigir veículos ou operar máquinas. Não é recomendado o uso de Mirtazapina em crianças.
Indicações


Síndromes depressivas, depressão reativa, doença maníaco-depressiva bipolar. Depressão associada com ansiedade, melancolia. Dose


A dose inicial é de 15mg diários de forma lenta, porém se deve procurar progressivamente o intervalo terapêutico ideal que geralmente oscila entre 15-45mg/dia, em uma dose única administrada preferencialmente à noite antes de deitar-se. O tratamento de pacientes depressivos deve ser prolongado (6 meses ou mais). Superdose


Além da sedação excessiva não foram informados efeitos de importância por superdose. Nesses casos aconselham-se lavagem gástrica, hidratação, terapia sintomática e apoio das funções vitais respiratórias e cardiovasculares.


Reações adversas
Cefaléias, tonturas, sonolência, astenia, secura da boca, discrasias sangüíneas, edemas, ginecomastia, artralgia, icterícia, hipotensão arterial, visão turva.


Precauções
Após 4-6 semanas do início do tratamento foi observada mielodepressão manifestada como granulocitopenia que é reversível com a supressão do tratamento. O médico deverá monitorar o surgimento de odinofagia, febre, estomatite ou outros sinais de infecções, e diante da sua detecção, realizar um hemograma e suspender o tratamento.
A dose deverá ser adequada, regulada e controlada cuidadosamente em indivíduos com insuficiência hepática ou renal, epilepsia, diabetes, hipertrofia prostática, glaucoma de ângulo estreito, hipotensão arterial, insuficiência cardíaca, infarto de miocárdio recente, arritmias cardíacas. Pode ser observado agravamento dos sintomas psicóticos quando o medicamento é administrado a pacientes com esquizofrenia ou patologias psicóticas ou paranóides.
Pode afetar a concentração e os reflexos, especialmente em indivíduos que dirijam veículos ou maquinarias perigosas.
Interações


O uso simultâneo com álcool, barbitúricos ou benzodiazepínicos pode potencializar o efeito depressor sobre o SNC. Pode diminuir o limiar convulsivante e diminuir o efeito dos agentes anticonvulsivantes quando associado a esses medicamentos. O uso simultâneo com IMAO não é aconselhado devido ao risco hipertensor e convulsivante."


22 fevereiro 2007

... Viver com a tiróide disfuncional ...



Simone - Sangrando (Gonzaguinha )


Quando eu soltar a minha voz,
Por favor entenda que palavra por palavra
Eis aqui uma pessoa se entregando.
Coração na boca, peito aberto,
Vou sangrando.
São as lutas desta nossa vida,
Que eu estou cantando.
Quando eu abrir minha garganta,
Essa força tanta.
Tudo que você ouvir esteja certa
Estarei vivendo.
Veja o brilho dos meus olhos
E o tremor das minhas mãos
E o meu corpo tão suado
Transbordando toda raça e emoção.
E se eu chorar e o sal molhar o meu sorriso,
Não se espante e cante
Que o teu canto é minha força prá cantar,
Quando eu soltar a minha voz,
Por favor entenda,
Que é apenas o meu jeito de viver,
O que é amar.

Quando a Tiróide comanda o corpo...



" As alterações do Hipotálamo durante o estresse, conseqüentemente as alterações da Hipófise, podem resultar em desordem na produção da Tiroxina, o hormônio da tireóide. Tanto pode ocorrer um excesso como uma deficiência de Tiroxina, provocando respectivamente o hiper e o hipotireoidismo. Na Fase de Alarme do estresse é comum o hipertiroidismo e no Esgotamento o hipotiroidismo, embora essas alterações possam acontecer inversamente.
O mais curioso em relação à tireóide, é a reciprocidade entre essa glândula e as emoções; o estresse leva a alterações da tireóide, estas levam à alterações emocionais e, fechando o círculo vicioso, as emoções podem alterar mais ainda o funcionamento da tireóide."

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EIXO HIPOTÁLAMO-HIPÓFISE-TIREÓIDE


TIREÓIDE E EMOÇÕES

Alterações de tireóide junto com alterações psiquiátricas são muito comuns, chegando a chamar atenção dos clínicos, psiquiatras e endocrinologistas. Explicar, entretanto, se elas ocorrem porque a tireóide interfere no psiquismo ou se o psiquismo interfere na tireóide tem sido objeto de muitos estudos.

Evidentemente as patologias primárias da tireóide, como as tireoidites, por exemplo, acabam por produzir uma rica sintomatologia emocional. Mas, o assunto fica mais delicado quando, por exemplo, constatamos em pacientes psiquiátricos alterações funcionais na tireóide.
O que é na prática inquestionável, é o fato dos tratamentos psiquiátricos melhorarem muito a função da tireóide alterada e vice-versa. Além disso, em depressões resistentes e quando precisamos de um tratamento mais rápido, a associação dos antidepressivos com hormônios tereoideanos é brilhante.
As anomalias funcionais da glândula tireóide (ou tiróide) são freqüentes, acometendo cerca de 5 % da população geral, com forte predomínio nas mulheres. Calcula-se que, no mundo, mais de 200 milhões de pessoas sofrem com alguma forma de doença da tireóide.
A glândula tireóide pode produzir hormônio demais (hipertireoidismo), ou de menos (hipotireoidismo), fazendo o corpo usar energia mais lentamente do que ele deve.
Trata-se, a Tireóide, de uma glândula localizada na região anterior do pescoço que possui importante papel no controle do metabolismo do organismo.
Ela produz os hormônios tireoideanos (T4 e T3), que modulam a velocidade com que a energia será consumida. A glândula tireóide é estimulada a produzir o T3 e T4 por outro hormônio, o TSH (hormônio tíreo-estimulante ou tireotrofina), produzido na Hipófise (glândula situada no cérebro).
A Hipófise, por sua vez, é estimulada a produzir o TSH por outro hormônio ainda, o TRH (hormônio liberador da tireotrofina), este produzido no Hipotálamo (uma área do cérebro).
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EIXO HIPOTÁLAMO-HIPÓFISE-TIREOIDEANO E PSIQUIATRIA
Em pessoas normais a secreção de TSH aumenta durante a noite, quando os níveis de T3 e T4 diminuem. Em pacientes deprimidos esse ritmo circadiano da TSH pode estar perturbado, chegando a haver ausência do pico noturno de secreção de TSH (Duval,1990). Estas alterações tendem a normalizar-se com a cura do Episódio Depressivo (Souetre,1988).
É antigo o interesse da psiquiatria em relação aos níveis de hormônios tireoideanos e a depressão. Joffe (2000) pesquisou a relação entre o curso vital da doença depressiva e os níveis basais dos hormônios triiodotirodina (T3), tiroxina (T4) e tireotrofina (TSH) em 75 pacientes com Transtorno Depressivo Unipolar e concluiu que o tempo de recorrência da depressão grave (ou Maior pelo DSM.IV) se relaciona de forma inversa aos níveis de T3, mas não com os níveis do T4.
Muitas pesquisas foram realizadas com o teste de estimulação com TSH em pacientes psiquiátricos. O fato de ter-se constatado que 25 a 30% das pessoas deprimidas, e sem alteração prévia de tireóide, apresentavam uma diminuição na resposta de TSH mediante a administração de TRH, animou muitos pesquisadores quanto à uma pretensa maneira laboratorial de se detectar a depressão (Loosen, 1982; Baumgartner, 1995; Holsboer, 1995).
Entretanto, esta anomalia não se mostrou específica da Depressão Maior (ou Grave, pelo CID.10). Ela aparece também nos pacientes maníacos, esquizofrênicos, esquizoafetivos, em alcoolistas e nos pacientes que sofrem ataques de pânico.
Outros estudos procuraram definir, então, o perfil clínico dos pacientes cujas respostas do teste de estimulação pelo TSH estavam diminuídos. O que se pode constatar é que estes pacientes, se têm algo em comum, era uma maior freqüência de agitação, de características psicóticas, de risco de suicídio, de ataques de pânico ou de depressão crônica (Joffe & Levitt, 1993).
Apesar do teste de estimulação para o TSH alterado não acontecer nos Transtornos de Personalidade com sintomatologia afetiva, ele não é específico para depressões como gostariam muitos pesquisadores. Além disso, há inúmeras possibilidades de resultados falsos positivos e falsos negativos, o que acaba por tornar problemática sua utilização na prática clínica.
Como, exatamente, se desenvolve um quadro depressivo no Hipotireoidismo ainda não está bem esclarecido. Em ratos, o Hipotireoidismo associado à extirpação cirúrgica da tireóide (tireoidectomia) afeta o sistema noradrenérgico, sendo aventada possível ligação entre esta ocorrência e alteração em funções neuropsíquicas.
Outra possibilidade é a de que o hipotireoidismo se associa com uma redução na atividade da serotonina. Com a reposição de medicamentosa de Tiroxina a 7 pacientes hipotireóideos, Cleare e cols. observaram melhora dos sintomas depressivos e melhora da atividade serotonérgica, em todos eles. Esses achados sugerem que a neurotransmissão serotonérgica é afetada pelo hipotireoidismo e revertida com reposição de T4.
Miriam Oliveira destaca achados de alto número de pacientes hipotireóideos com sintomas sugestivos de transtornos depressivos, sugerindo que muitos desses pacientes poderiam ser beneficiados com avaliação e atendimento psiquiátrico adequados concomitante ao tratamento endócrino (Miriam C. Oliveira et al, 2001).
O quadro psicológico classicamente associado ao hipotireoidismo é um quadro de ansiedade severa e agitação, manifestado por alucinações, comportamento paranóide e até demência, quadro este conhecido por "loucura mixedematosa". Esse tipo de demência associada ao hipotireoidismo é, felizmente, reversível com a reposição hormonal (Clarnette, 1994).
A par do que se sabe, concretamente, das alterações da tireóide na depressão (e vice-versa), também nos casos de Estresse o funcionamento da glândula está alterado. Há uma diminuição da produção de TSH pela hipófise e uma inibição da conversão de T4 em T3. Trata-se de um mecanismo fisiológico de defesa e proteção no Estresse, provocado pelos corticóides, com objetivo de conservar a energia durante a reação de alarme (veja mais sobre a
Fisiologia do Estresse).
Pacientes com Anorexia Nervosa apresentam também uma alteração característica que pode, à primeira vista, parecer contraditória. Alguns sintomas da Anorexia são sugestivos tanto de hipotireoidismo (bradicardia, diminuição do reflexo aquileo, aumento do colesterol), como de hipertireoidismo (hiperatividade, aumento do metabolismo basal).
Uso de Hormônios como Tratamento Psiquiátrico Coadjuvante
Assim como é conhecida a associação entre hipotireoidismo e depressão, também o uso dos hormônios tireoideanos como coadjuvantes dos antidepressivos tem sido uma prática comum em pacientes portadores de depressão resistente ao tratamento habitual.
Como se sabe, os hormônios tireoideanos podem estimular a atividade dos sistemas noradrenérgico e serotoninérgico, ambos intimamente relacionados à depressão, notadamente à depressão do tipo apático. O T3, para esse propósito, seria mais eficaz que o T4 nas depressões unipolares, diminuindo bastante o tempo de resposta aos antidepressivos. Alguns poucos trabalhos sugerem o uso do T4, profilaticamente para as crises de oscilação do humor em pacientes bipolares (Bauer, 2001). Nesse último caso, não temos nenhuma experiência."


in PsiqWeb http://www.virtualpsy.org/psicossomatica/tireoide.html