... Um Concerto ...

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Todas as histórias têm um início, um meio e um fim, numa organização ao longo do tempo.

Na cabeça dele nada se organizava desta forma… talvez porque nunca lhe tivessem lido histórias de encantar para adormecer, antes de lhe aconchegarem a roupa e lhe darem o beijo do repouso… talvez porque nunca lhe tivessem lido histórias para comer a sopa… a certeza tinha, de que nunca tivera uma cama com roupa para aconchegar, um prato de sopa para o obrigarem a comer e, uma pessoa que com isso se preocupasse, muito menos! Apenas aquele anjo em que só ele acreditava. O seu anjo.

Porque se lembrava de histórias nunca contadas, neste momento e neste local, era algo aparentemente despropositado! Porque lhe ocorriam estes pensamentos num local como a fila para a casa de banho, antes do concerto porque ansiara tantos meses, e quase desesperara ao pensar que nunca teria um bilhete!

Realmente uma fezada daquelas só podia ter tido um toque do seu anjo, que o levara a estar ontem no momento e no sítio certo! Que mais o poderia ter feito descer as escadas do metro quase na hora de fechar a estação, e tropeçar numa carteira que algum companheiro de expediente deitara rapidamente fora depois de retirar tudo o que viu de valor, deixando o bilhete do concerto ali, meio saído, à sua espera.

Nem queria acreditar que estava mesmo a viver aquele momento, a realizar um sonho, um desejo que pensara nunca concretizar. Daí a poucos minutos seria embalado pelas histórias, cantadas, que tão bem conhecia e o faziam sentir-se embalado e aconchegado.

21 Junho 2006

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