30 março 2006

Viagem de Expresso na A8 - Sinais










Ainda bem que inventaram telemóveis com máquina fotográfica... e já agora, também os MP3 que nos permitem isolar de sons que nos incomodam...

... Antes e Depois ...

A publicidade está ao alcance de qualquer um...
No mesmo dia, com 1 hora de diferença...





Tudo fosse tão simples de resolver com um antes e depois, como colorir o cabelo... E conseguissemos assim sorrir e sentirmo-nos bem...
Um trabalho onde se possa colorir e sorrir, voltar a acreditar... precisa-se!

29 março 2006

Foz do Arelho pintada por Taraio

Mesmo para os que não vão ver "ao vivo" aproveito para divulgar a pintura do meu cunhado [Luis Manuel Geria Taraio] que é sempre um prazer de olhar...
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“Aberturas Para O Sol”, exposição de M. Taraio inspirada na Foz do Arelho
Taraio é um artista conceituado, com exposições frequentes nas melhores galerias do país ( Casino do Estoril , Galeria S Mamede , etc).
Esta série, inspirada pela Foz do Arelho, é um exclusivo AUDIOMANIAS [AUDIOMANIAS Av 1º de Maio,6 CALDAS DA RAINHA 262823280 / 962638683 / audiomanias@netvisao.pt] Contamos com a sua presença no próximo Sábado, dia 1 de Abril, nas nossas instalações de Caldas da Rainha ( 11 h - 20h )




http://www.saomamede.com/cv/177.htm

... Delinquência Juvenil...

No sábado o meu filho foi assaltado, pela 2ª vez, naquela que muitos julgam a pacata terra dos águas mornas (nome dado aos caldenses)...
Por jovens de idades próximas da sua, que rapidamente localizamos e foram identificados pelas autoridades...
Uma história como tantas outras que acontecem neste país à beira mar plantado, e que cada dia irão acontecer mais e mais, como será de esperar nesta sociedade todos os dias mais consumista e mais despida de algo a que se chama esperança no futuro!
Vale a pena "perder algum tempo" para ler o que em baixo transcrevo e ir visitar o respectivo site, para que se perceba que é possivel fazer algo quando se decidir deixar de ficar de braços cruzados a carpir desgraças e lamentações de quanto os outros são maus e não querem fazer nada por si...
Porque todos somos responsáveis pela sociedade em que vivemos... responsáveis pelos nossos sorrisos e pelos dos outros...
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Foto www.capsweb.org
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"1. A prevenção da delinqüência juvenil é parte essencial da prevenção do delito na sociedade. Dedicados a atividades lícitas e socialmente úteis, orientados rumo à sociedade e considerando a vida com critérios humanistas, os jovens podem desenvolver atitudes não criminais.
2. Para ter êxito, a prevenção da delinqüência juvenil requer, por parte de toda a sociedade, esforços que garantam um desenvolvimento harmônico dos adolescentes e que respeitem e promovam a sua personalidade a partir da primeira infância.
3. Na aplicação das presentes Diretrizes, os programas preventivos devem estar centralizados no bem-estar dos jovens desde sua primeira infância, de acordo com os ordenamentos jurídicos nacionais.
4. É necessário que se reconheça a importância da aplicação de políticas e medidas progressistas de prevenção da delinqüência que evitem criminalizar e penalizar a criança por uma conduta que não cause grandes prejuízos ao seu desenvolvimento e que nem prejudique os demais. Essas políticas e medidas deverão conter o seguinte:
a) criação de meios que permitam satisfazer às diversas necessidades dos jovens e que sirvam de marco de apoio para velar pelo desenvolvimento pessoal de todos os jovens, particularmente daqueles que estejam patentemente em perigo ou em situação de insegurança social e que necessitem um cuidado e uma proteção especiais.
b) critérios e métodos especializadas para a prevenção da delinqüência, baseados nas leis, nos processos, nas instituições, nas instalações e uma rede de prestação de serviços, cuja finalidade seja a de reduzir os motivos, a necessidade e as oportunidades de cometer infrações ou as condições que as propiciem.
c) uma intervenção oficial cuja principal finalidade seja a de velar pelo interesse geral do jovem e que seinspire na justiça e na eqüidade.
d) proteção do bem-estar, do desenvolvimento, dos direitos e dos interesses dos jovens.
e) reconhecimento do fato de que o comportamento dos jovens que não se ajustam aos valores e normas gerais da sociedade são, com freqüência, parte do processo de amadurecimento e que tendem a desaparecer, espontaneamente, na maioria das pessoas, quando chegam à maturidade, e
f)consciência de que, segundo a opinião dominante dos especialistas, classificar um jovem de "extraviado", "delinqüente" ou "pré-delinqüente" geralmente favorece o desenvolvimento de pautas permanentes de comportamento indesejado.
5. Devem ser desenvolvidos serviços e programas com base na comunidade para a prevenção da delinqüência juvenil. Só em último caso recorrer-se-á a organismos mais formais de controle social.
II. EFEITOS DAS DIRETRIZES
6. As presentes diretrizes deverão ser interpretadas e aplicadas no marco geral da Declaração Universal de Direitos Humanos, do Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais e do Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos, da Declaração dos Direitos da Criança e da Convenção sobre os Direitos da Criança e no contexto das regras mínimas das Nações Unidas para a administração da justiça de jovens, como também de outros instrumentos e normas relativos aos direitos, interesses e bem-estar de todas as crianças, e adolescentes.
7. Igualmente, as presentes diretrizes deverão ser aplicadas no contexto das condições econômicas, sociais e culturais predominantes em cada um dos Estados Membros.
III. PREVENÇÃO GERAL
8. Deverão ser formulados, em todos os níveis do governo, planos gerais de prevenção que compreendam, entre outras coisas, o seguinte:
a) análise profunda do problema e relação de programas e serviços, facilidades e recursos disponíveis;
b) funções bem definidas dos organismos e instituições competentes que se ocupam de atividades preventivas;
c) mecanismos para a coordenação adequada das atividades de prevenção entre os organismos governamentais e não governamentais;
d) políticas, estratégias e programas baseados em estudos de prognósticos e que sejam objeto de vigilância permanente e avaliação cuidadosa durante sua aplicação;
e) métodos para diminuir, de maneira eficaz, as oportunidades de cometer atos de delinqüência juvenil;
f) participação da comunidade em toda uma série de serviços e programas;
g) estreita cooperação interdisciplinária entre os governos nacionais, estaduais, municipais e locais, com a participação do setor privado, de cidadãos representativos da comunidade interessada e de organizações trabalhistas, de cuidado à criança, de educação sanitária, sociais, judiciais e dos serviços de repressão, na aplicação de medidas coordenadas para prevenir a delinqüência juvenil e os delitos dos jovens;
h) participação dos jovens nas políticas e nos processos de prevenção da delinqüência juvenil, principalmente nos programas de serviços comunitários, de auto-ajuda juvenil e de indenização e assistência às vítimas;
i)pessoal especializado de todos os níveis."

25 março 2006

Um Silêncio

Por vezes cruzamo-nos com pessoas que não nos deixam entrar... porque nem eles próprios sabem onde está a sua porta! Tu foste uma delas...
Sabia que um dia, muito cedo, terias uma criança nos braços... Contrariando a tua própria vontade de que me enganasse, a primeira entregaste-a, a segundo desejo que cuides dela como nunca sentiste que cuidaram de ti!
E a ensines a sorrir, sem medo...


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Olhos no chão, braços cruzados, cabelo e roupa escolhidos e concebidos ao pormenor.
Transparência, invisibilidade, inexistência...

Uma imagem cuidada, garantindo que se reconhece, e todos os dias ao espelho se permite existir.
Um silêncio forte, recusando a participação, para não existir, não estar e não sentir.
Um silêncio de quem não acredita que a sua voz seja ouvida e as suas palavras entendidas... de quem já desejou gritar e calou definitivamente!
Um silêncio de quem já foi obrigada a sentir o que não desejou... de quem se perguntou:
- Se não existir, não sinto!?

23.11.2001 - 02.40h

23 março 2006

As Novas Atracções...

A nova ocupação... e se ocupa tempo!!
Ele é desmontar até ao último parfuso... ele é limpar peça a peça... ele é montar tudo até ao último parafuso... ele é carregar baterias...
E, por fim, então, esperar ter disponibilidade e que o tempo ajude, para "brincar" com os carros!!!!
Depois, é acartar tudo de volta a casa... e recomeçar do principio!!
Para quem gosta é realmente uma excelente e saudável ocupação do tempo... sempre a aprender, com a prática e com as "viagens" nos sites da especialidade na net.
Um novo mundo... com muito para descobrir! Inesgotável!!!
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É sempre idade para se viver uma vida séria a brincar...
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REVO da Traxxas



Inferno M.P. 7.5 da Kiosho





SportMaxx da Traxxas


19 março 2006

... Tio Costa ...

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Pá, era este o tique de linguagem dele...
Tinha um descapotável, uma Diane ou um Dois Cavalos não me recordo bem, e abria o tecto quando eu andava de carro com ele...
Quando se vive os primeiros 2 anos de vida na guerra adoptam-nos e nós adoptamos família... Eu ganhei um avô (também já morreu!) e um tio.
Um tio que adorava putos e adoptou-nos os que tivemos o privilégio de nos cruzar com ele, pá!
E fumava Português Suave sem filtro, gostava de pastéis de bacalhau e do bolo rei da Pastelaria Machado... de conversar, com os amigos, de contar histórias, de beber uns copos e comer uns petiscos...
E ria-se e nós riamos com ele, pá!

18 março 2006

... Morte ... [quando saberemos viver com ela!?!]

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Ficarás sempre em mim, no cantinho onde sempre estiveste... porque não se ganha um Tio aos 4 meses, num avião a caminho de uma guerra em Moçambique, sem que fique cá dentro o resto da vida...
Pá, eu sei que tu sabes, pá, que gosto muito de ti, pá...
**************************************** Atropelamento mortal



"Nalgum oásis do princípio ele fora
um fugitivo brilho no olhar de Deus
-a vida havia de lho lembrar muitas vezes.


Atravessou as nossas ruas entre gatos,
a chuva molhou-lhe as pobres botas cambadas.
Teve um banco de jardim, teve amigos, um deles o sol.
Sempre sem o saber procurou Deus.
Um dia foi campos fora atrás dele, perdeu o emprego
na Câmara Municipal. Teve mãe mas depois
nunca mais foi solução para ninguém.


Naquele dia a morte instalou-o
confortavelmente no céu. Lá se foi
com seus modos humanos, seus caprichos
e um notório acanhamento em público
(há-de a princípio faltar-lhe à-vontade entre os anjos).


Tinha o nome no registo, agora habita
nas planícies ilimitadas de Deus.
Nas suas costas ainda se derrama
a tarde interrompida.
Manhãs e manhãs desfilarão sobre ele,
caracóis cobrirão a memória daquele
que foi da sua infância como qualquer de nós.


Teve um nome de aqui, andou de boca em boca,
agora é Deus que para sempre o tem na voz."

Ruy Belo

16 março 2006

16 de Março... um momento da história esquecida!

Num dia que está na minha memória, assim como algumas das pessoas que o tornaram uma marca no Calendário da Liberdade... e porque 1974 parece ter ser uma pequena lembrança para tantos, mas foi "ontem"...
Num dia que se iniciou o que se concluiria no dia 25 de Abril de 1974, aqui fica o testemunho de que só por terem existido esses momentos podemos hoje estar a escrever livremente num blog!
Num dia em que recordo que há 32 anos (não tanto tempo como parece!) existiam neste país pessoas presas e torturadas... apenas por pensarem de forma diferente!

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[Foto in www.pedrotochas.com]


"Eh! Companheiro aqui
estou
aqui estou pra te falar
Estas paredes me tolhem
os passos que quero dar
uma e feita de granito
não se pode rebentar
outra de vidro rachado
p'ras duas pernas cortar

Eh! Companheiro
resposta
resposta te quero dar
Só tem medo desses muros
quem tem muros no pensar
todos sabemos do
pássaro
cá dentro a qu'rer voar
se o pensamento for livre
todos vamos libertar

Eh! Companheiro eu falo
eu falo do coração
Já me acostumei à cor
desta negra solidão
já o preto que vai bem
já o branco ainda não
não sei quando vem o vento
pra me levar de avião

Eh! Companheiro
respondo
respondo do coração
ser sozinho não é sina
nem de rato de porão
faz também soprar o vento
não esperes o tufão
põe sementes do teu peito
nos bolsos do teu irmão

Eh! Companheiro vou
falar
vou falar do meu parecer
Vira o vento muda a sorte
toda a vida ouvi dizer
soprou muita ventania
não vi a sorte crescer
meu destino e sempre o mesmo
desde moço até morrer

Eh! Companheiro aqui
estou
aqui estou p'ra responder
Sorte assim não cresce a
toa
como urtiga por colher
cresce nas vinhas do povo
leva tempo a amadur'cer
quando mudar seu destino
está ao alcance de um viver

Eh! Companheiro aqui
estou
aqui estou pra te falar
De toda a parte me chamam
não sei p'ra onde me virar
uns que trazem fechadura
com portas para espreitar
outros que em nome da paznão me deixam nem olhar

Eh! Companheiro
resposta
resposta te quero dar
Portas assim foram feitas
p'ra se abrir de par em par
não confundas duas coisas
cada paz em seu lugar
pela paz que nos recusam
muito temos de lutar."


Eh! Companheiro [Letra: Sérgio Godinho Música: José Mário Branco]

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O 16 de Março



"O 16 de Março tratou-se de uma acção empreendida pela ala do Movimento dos Capitães afecta ao general Spínola. O Regimento das Caldas da Rainha foi o único que se lançou na aventura do derrube do regime mas tal propósito não vingou. No entanto constituiu teste aos dispositivos de defesa do Governo, fomentou uma corrente de solidariedade entre os oficiais presos e acentuou a necessidade de uma operação militar solidamente organizada.
A tentativa de golpe acreditou na hipótese de uma falência irreversível do aparelho de Estado que se apresentava de forma pouco decente e respeitável, bastando, para tal fazê-lo tremer com um pequeno terramoto.
O país não acreditava que fossem os militares a dar a estocada de morte no Governo, todavia, o 16 de Março estabeleceu o culto militar.
As opiniões acerca do evento são divergentes, porém ele teve o condão de despertar nos portugueses a sensação de que o fim do fascismo urgia e estava próximo.
A partir dessa data só havia uma questão na mente de opinião pública que era o desejo forte de derrubar o regime vigente. A população percebeu que o objectivo do Regimento das Caldas era a implantação de uma nova forma de vida do Estado.
Foi um culto militar, o 16 de Março. Aí começou a reabilitar-se aquilo que até à data fora simplesmente a tropa e passou a denominar-se de Exército. A data pode ser vista como um 25 de Abril honoris causa sem loucura popular, mas como uma loucura a preparar a outra. Os efeitos de adesão que desencadeou valem muito mais do que os bombardeamentos que Vendas Novas não fez."


in http://www.citi.pt/cultura/politica/25_de_abril/16_marco.html


http://www.citi.pt/cultura/politica/25_de_abril/movimento_capitaes.html

15 março 2006

... FILHOS ...

Ao Gonçalo e à Mónica, duas pessoas que OTIUM OMA, e com quem tenho tido o privilégio de partilhar a Vida!
Duas Pessoas Bonitas que têm crescido com todas as Alegrias e Dores que este caminho implica...
Que continuem sempre a saborear do Suficiente da Vida...
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"13 de Novembro, 4 da tarde, faz frio lá fora
o ano é 2002 e acho que já te disse a hora
o lugar é Lisboa ao pé do parque das nações
o mundo é teu, já te explico as razões e senões
deste lugar onde vieste parar sem saber como
sê bem-vinda ao jardim, eu serei o teu mordomo
eu sou o gajo do chapéu azul-bébé como tu
no meio da confusão que luta pelo teu olhar nu
não nos leves a mal mas deixaste-nos perplexos
tens vinte minutos de vida e fazes estragos complexos
com essa língua de fora e os olhitos bem rasgados
hás-de dar dores de cabeça até aos mais preparados
como o teu pai que tá histérico, vestido como um doutor
esse a quem agora tiraste toda e qualquer dor
há de stressar contigo vezes sem conta, acredita
o amor é um gajo estranho, às vezes até irrita
por isso vai-te habituando a ter muita paciência
somos todos complicados e é preciso ter experiência
para atinar neste planeta a quem chamaram Terra
sem darmos bem por isso aí vem mais uma guerra

Vivemos na tuga, um país que até é bem tranquilo
Se me dessem a escolher não dava um vacilo
Não é perfeito nem nada que se pareça
Ainda depende de nós para que muito aconteça
O que acaba por ser porreiro porque te dá motivação
Não temos nada garantido na palma da mão
Há mesmo sítios onde a esperança quase já não existe
O que vale é que há sempre alguém que resiste
E insiste em fazer a diferença para melhor
Dá tudo por tudo com muito sangue e suor
Com tanta pressa que tiveste para cá chegar
Só posso acreditar que tenhas muito para nos dar
Pareces-me rebelde e é mesmo isso que se quer
És joaninha de nome mas já vejo uma mulher
Venha o que vier o amor é incondicional
Podes contar comigo quando tudo te parecer mal
É natural, quer dizer que não andas a dormir

Não há nada pior nesta vida do que não sentir
Queria dizer-te tanta coisa, mas ainda nem me vês
E o tempo há-de trazer todos os teus porquês
Há bocado fiz umas contas e senti-me mal
Quando tiveres dezoito eu vou ter quarenta e tal
Tenho medo de não perceber o teu mundo nessa altura
Mas o feeling que sinto não é sol de pouca dura
E por muito cota e datado que te possa parecer
Fui e sou mais janado do que gostava de ser
Por isso tá à vontade, manda vir que eu aguento
No mínimo posso tar se calhar um pouco lento"

Joaninha (Bem-Vinda!) - Da Weasel (MÚSICA:Pedro Quaresma LETRA:Carlos Pac Nobre)

13 março 2006

Um gajo sair da prisão e não ser reinserido. Pensem nisso.

COISAS DA VIDA - Boss Ac
"Dino nasceu em Portugal
Os pais vieram d’África à procura duma vida normal
Mas não passou de ilusão
Apenas fé no coração
Mas a fé não alimenta, fome rebenta
Dino tem dois anos se calhar já nem s’aguenta
Alegria não sabem o que é
O pai trabalha todo o dia, a mãe tem que ficar com o bebé
Vivem numa barraca bué fatela
Quatro paredes velhas, uma porta, um telhado e uma janela
A casa de banho é um balde e uma lata
Um colchão para os três, a vida é bem ingrata
Quarenta contos para o mês inteiro
A vida vai de mal a pior e cada vez há menos dinheiro
Mas lá vão sobrevivendo, Dino vai crescendo, ao mesmo tempo
Aprendendo e vendo
Como tudo é sacrificio
É melhor ir para a escola para seu próprio benefício
Não há maneira pa’comprar o material
O pai trabalha como um burro, a mãe ‘tá bué da mal

Aos 9 anos consegue ir estudar
Dá para desenrrascar, mas só sabem lh’insultar
É preto dali, preto daqui
Queixa-se à professora mas ela não liga apenas se ri
Os anos passam, chega ao oitavo
Chega de escola, chega de fazer figura de parvo
Meteu-se com as más companhias
Agora vende droga e tem dinheiro todos os dias
De tempos em tempos vai parar à cadeia, semana e meia
Situação tá feia, mas lá se remedeia
No fim do túnel há sempre uma luz
A mãe chora em vão, mas ‘inda acredita em Jesus
Coisas da vida

Ataca um jovem com um bastão
Desta vez não escapou e acabou na prisão
Sem solução, foi preso por ser homicida
Ferida não será esquecida, agora é tarde pa’ mudar de vida
Apanha dez anos na sentença, crime não compensa
Uma desgraça não vem só a mãe morreu de doença
Desgosto, tristeza no rosto do pai
Que tem muito ‘pa chorar tão cedo Dino não sai
Pai desgostoso, filho criminoso
Dino só pensa em fugir daquele lugar horroroso
Mas será que é capaz?
Sabe qu’errou no fundo não é mau rapaz
Dez anos atrás das grades, aprende as verdades
O tempo custa a passar enquanto morre de saudades
A consciência pessa-lhe todos os dias
Não há regalias, restam sonhos e fantasias
Coisas da vida

Chegou o seu momento
Cinco anos depois saiu por bom comportamento
A liberdade é condicional
Agora chegou a altura de levar uma vida normal
Longe do crime Dino quer é sossego
Mas não tem dinheiro nem casa, tem qu’arranjar emprego
Vai-se arranjando na casa do cota
Levanta-se cedo, compra o jornal e põe a fatiota
E tenta a sua sorte à procura de trabalho
“Então você tem cadastro?” “Infelizmente sim” “Vá p’ó caralho!”
Dia após dia, a mesma resposta
Continuou sem emprego até que lhe foi feita uma proposta
Certo dia não aguentou mais
A única solução eram os negócios ilegais
Nada a perder aceitou a oferta
Não há moral que resista quando a fome aperta
Mas o sol pouco durou
Uma transacção deu p’ó torto, alguém o matou
São as coisas da vida
Saiu da prisão meteu-se num beco sem saída
Foi tratado como uma doença
Tentou ser honesto, mas ditaram-lhe a sentença
Mais tenho a dizer que é fodido
Um gajo sair da prisão e não ser reinserido

Pensem nisso."
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A todos os Dinos que vivem neste país...
Aqueles que não sentem ter um país...
Aqueles que não se encontram, nem encontram as suas raízes...
Aqueles com que me cruzei... Aqueles com quem nunca me cruzei...
E especialmente aqueles que conseguiram mudar o a sua própria história...

SOMBRA(S)

Sombras que nos embalam enquanto o sol que as projecta nos aquece...
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sombra substantivo feminino
1-
espaço privado de luz pela interposição de um corpo opaco entre ele e o objecto luminoso
2 -
escuridão; trevas; noite
3 -
vestígio; aparência leve
4 -
mácula; defeito; senão
5 -
alma; espírito; visão; fantasma
6 -
pessoa que acompanha ou persegue outra constantemente
in Wikicionário

12 março 2006

Portugal, Portugal [e os portugueses!?!]


"Tiveste gente de muita coragem
E acreditaste na tua mensagem
Foste ganhando terreno
E foste perdendo a memória
Já tinhas meio mundo na mão
Quiseste impor a tua religião
E acabaste por perder a liberdade
A caminho da glória
Ai, Portugal, Portugal
De que é que tu estás à espera?
Tens um pé numa galera
E outro no fundo do mar
Ai, Portugal, Portugal
Enquanto ficares à espera
Ninguém te pode ajudar
Tiveste muita carta para bater
Quem joga deve aprender a perder
Que a sorte nunca vem só
Quando bate à nossa porta
Esbanjaste muita vida nas apostas
E agora trazes o desgosto às costas
Não se pode estar direito
Quando se tem a espinha torta
Ai, Portugal, Portugal
De que é que tu estás à espera?
Tens um pé numa galera
E outro no fundo do mar
Ai, Portugal, Portugal
Enquanto ficares à espera
Ninguém te pode ajudar
Fizeste cegos de quem olhos tinha
Quiseste pôr toda a gente na linha
Trocaste a alma e o coração
Pela ponta das tuas lanças
Difamaste quem verdades dizia
Confundiste amor com pornografia
E depois perdeste o gosto
De brincar com as tuas crianças
Ai, Portugal, Portugal
De que é que tu estás à espera?
Tens um pé numa galera
E outro no fundo do mar
Ai, Portugal, Portugal
Enquanto ficares à espera
Ninguém te pode ajudar
Ai, Portugal, Portugal
De que é que tu estás à espera?
Tens um pé numa galera
E outro no fundo do mar
Ai, Portugal, Portugal
Enquanto ficares à espera
Ninguém te pode ajudar"

Portugal, Portugal - Jorge Palma

CIDADE DE DEUS


"O principal personagem do filme Cidade de Deus não é uma pessoa. O verdadeiro protagonista é o lugar. Cidade de Deus é uma favela que surgiu nos anos 60, e se tornou um dos lugares mais perigosos do Rio de Janeiro, no começo dos anos 80.Para contar a estória deste lugar, o filme narra a vida de diversos personagens, todos vistos sob o ponto de vista do narrador, Buscapé. Este, um menino pobre, negro, muito sensível e bastante amedrontado com a idéia de se tornar um bandido; mas também, inteligente suficientemente para se resignar com trabalhos quase escravos.Buscapé cresceu num ambiente bastante violento. Apesar de sentir que todas as chances estavam contra ele, descobre que pode ver a vida com outros olhos: os de um artista. Acidentalmente, torna-se fotógrafo profissional, o que foi sua libertação.
Buscapé não é o verdadeiro protagonista do filme: não é o único que faz a estória acontecer; não é o único que determina os fatos principais . No entanto, não somente sua vida está ligada com os acontecimentos da estória, mas também, é através da sua perspectiva que entendemos a humanidade existente, em um mundo aparentemente condenado por uma violência infinita."
"A história do filme acontece em três tempos
Final dos anos 60
Buscapé é mais um garoto de 11 anos em Cidade de Deus, um subúrbio do Rio de Janeiro. Um dia ele viu um fotógrafo trabalhando e decidiu que era isso que queria fazer em sua vida. Para Cidade de Deus se mudou Dadinho, um garoto da mesma idade que já sonhava em ser o bandido mais perigoso do Rio de Janeiro. Desde pequeno já revela sua índole. Ele presta serviços para malandros locais. Admira Cabeleira e sua turma, que assaltam caminhões de gás e fazem pequenos assaltos à mão armada. Cabeleira dá a oportunidade para Dadinho matar pela primeira vez. Ele cresce matando.
Anos 70
Voltamos a encontrar os dois protagonistas da história. Buscapé estuda, trabalha ocasionalmente e transita num tênue fio que divide a malandragem e a vida de otário. Dadinho já tem várias mortes nas costas e é um pequeno líder disposto a crescer muito. Percebe que melhor que assaltos, o negócio é o tráfico de cocaína e maconha. A seu modo, resolve organizar esse negócio, que o faz crescer rapidamente.
Início dos anos 80
Buscapé, depois de tentar alguns assaltos frustrados, finalmente consegue arrumar uma câmera e vira fotógrafo, seu sonho de infância. Dadinho também realizou o seu: aos 18 anos virou Zé Pequeno, o mais temido e respeitado traficante do Rio de Janeiro. É a lei em Cidade de Deus. Seus amigos de início de jornada são sua corte. Meninos de 9 a 14 anos são seu exército. Ninguém o desafia até surgir Mané Galinha. Esse cobrador de ônibus vê sua namorada ser violentada e, por vingança, resolve matar Zé Pequeno a qualquer custo. Quando manifesta esse desejo, da noite para o dia, surge um bando de garotos com o mesmo desejo e armas. É a guerra em Cidade de Deus.
O lugar é o verdadeiro protagonista
Mas o filme não é apenas a história desses dois personagens. O verdadeiro protagonista é o lugar: Cidade de Deus. São dezenas de histórias que se cruzam e se entrelaçam, revelando um universo.Histórias de amor, humor e luta. Histórias reais.Cidade de Deus fala sobre personagens e situações que aconteceram de fato no Rio, e é isso que torna o filme surpreendente."
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Vê-se uma vez, duas vezes... e sempre que se se vê surpreende com algo que não se tinha reparado...

CARANDIRU

"Neste livro procuro mostrar a perda da liberdade e a restrição do espaço físico não conduzem à barbárie, ao contrário do que muitos pensam. Em cativeiro, os homens, como os demais primatas (orangotangos, gorilas, chimpanzés e bonobos), criam novas regras de comportamento com o objetivo de preservar a integridade do grupo. Esse processo adaptativo é regido por um código penal não escrito, como na tradição anglo-saxônica, cujas leis são aplicadas com extremo rigor."
- Obra - Estação Carandiru
Autor -
Drauzio Varella
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Quem não leu o livro, leia... Quem não viu o filme, veja...
Só quem anda lá dentro se identifica com a realidade que parece ficção...

11 março 2006

Foz do Arelho

Nota: Fotos da minha autoria [cláudia@]... A praia, sempre a Foz...

Uns Olhos

À Pessoa Especial que me deu o privilégio de olhar os seus olhos bem lá no fundo... com o meu desejo de que um dia encontre o segredo dos seus olhos...
À Pessoa que me adoptou como mãe, trazendo-me sempre naquele cantinho que não revela ao mundo de "gandins" onde se arrasta...
À Pessoa que um dia olhou o mar ao meu lado, e chorou...
À Pessoa que não deixaram acreditar que podia ser gostado e gostar... não deixaram ser criança, nem ajudaram a crescer...
Obrigado por te teres identificado neste meu conto. Foi um momento de gratificação que nunca esquecerei!

Muito te Gosto "Magano"
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Sentado num penhasco onde o mar bate violentamente, salpicando-o de sabor a sal, olha o Sol que desce lentamente por detrás daquela imensidão de água. As pernas penduradas, bamboleiam em cadência com o pensamento, enquanto inspira o ar forte e o cigarro repousa nos seus dedos.
Olha as nuvens como se visse as imagens de tudo o que sucedera até aquele dia, continuando sem entender em que momento tudo se tinha começado a transformar como uma viagem no combóio fantasma... em que cada viagem era simultaneamente previsível e assustadora. Sorri, quando uma nuvem lhe lembra o sexo de mulher, e sacode a cabeça violentamente ao ocorrerem-lhe todos os corpos que percorreu de modo sôfrego, como se em cada um procurasse encontrar algo de si, que sentia perdido...
Estava sentado junto ao mar, mais uma vez procurando o momento em que se perdera de si próprio e começara uma viagem de carrossel a que não sabia pôr fim.
Nos seus olhos estava o segredo... Será que demoraria muito a encontrá-lo!?


17.11.2001

10 março 2006

... Don't let the system get you down ...






"Big City Life,
Me try fi get by,
Pressure nah ease up no matter how hard me try.
Big City Life,
Here my heart have no base,
And right now Babylon de pon me case.

People in a show,
All lined in a row.
We just push on by,
Its funny,
How hard we try.
Take a moment to relax.
Before you do anything rash.

Don't you wanna know me?,
Be a friend of mine.
I'll share some wisdom with you.
Don't you ever get lonely,
From time to time
Don't let the system get you down

Soon our work is done,
All of us one by one.
Still we live our lives,
As if all this stuff survives.

Don't you wanna know me?,
Be a friend of mine.
I'll share some wisdom with you.
Don't you ever get lonely,
From time to time
Don't let the system get you down

The Linguist across the seas and the oceans,
A permanent Itinerant is what I've chosen.
I find myself in Big City prison, arisen from the vision of man
kind.
Designed, to keep me discreetly neatly in the corner,
you'll find me with the flora and the fauna and the hardship.
Back a yard is where my heart is still I find it hard to depart
this Big City Life"



Mattafix - Big City Life